quinta-feira, 10 de junho de 2010

Testemunho de Janaína, que disse não ao aborto

Bom dia pessoal, tudo em ordem?

Partilho com vocês o lindo e comovente testemunho de Janaína, uma jovem que resistiu heroicamente, mesmo diante das dificuldades e pressões feitas por médicos para abortar seu filho, Thalles, anencéfalo. É lindo! Peço que leiam atentamente e com carinho.

Ah, depois não se esqueça de deixar seu comentário manifestando sua opinião sobre o tema. ;)

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Em 2001, aos 19 anos de idade, eu cursava a faculdade de Direito e, em virtude de um namoro, fiquei grávida. Como muitas meninas, tive medo da reação de minha família, porém, meus pais foram maravilhosos: não apoiaram minhas falhas, no entanto, me acolheram com muito amor.

Sentia-me frustrada, por ver que minha vida havia tomado um rumo diferente do que eu sonhara, mas procurava mergulhar no mistério de ser mãe e abria-me para aquele momento especial que estava acontecendo.

O relacionamento com o pai da criança encerrou-se. Contudo, no terceiro mês de gestação, fomos juntos ao exame de ecografia para conhecer o sexo do neném. Era um menino, e fiquei radiante de alegria!

A ecografista pediu que fôssemos comer alguma coisa e, depois, voltássemos. Nesse intervalo, escolhemos o nome do bebê, Thalles. Quando retomamos, ela nos contou: o neném era anencéfalo e não sobreviveria após o parto.

Não sabíamos nada sobre anencefalia. Por isso, durante a tarde, procuramos a emergência de um conhecido hospital particular. Ao iniciarmos a consulta, o obstetra disse-me: - Se você fosse minha paciente, eu te levaria agora para a curetagem. Perguntei o que seria isso e explicaram-me que significava fazer o abortamento. Como recusei, o médico revidou: Menina, para que você quer uma coisa que não presta?!

Afirmei que não estava interessada em abortar e somente queria a confirmação do laudo. Após uma nova ecografia, tivemos a certeza do diagnóstico. Eu não tinha nenhuma fundamentação teórica para não abortar. Simplesmente não queria que tirassem o meu filho de mim. Não era justo, sempre fui muito amada por meus pais e sempre tive temor a Deus. Não poderia fazer isso com o neném.

Já no sétimo mês, procurei uma equipe de especialistas em gravidez de risco (para a mãe e/ou para a criança) da rede pública de Brasília, pois queria informações sobre os cuidados que deveria ter, caso meu filho viesse a sobreviver após o parto. Infelizmente, essa equipe também é responsável por fazer os abortamentos liberados por um Promotor de Justiça do Distrito Federal. Todavia, imaginei que, por serem especialistas, iriam me ajudar.

Durante o atendimento, fiquei admirada, pois o chefe da equipe, composta por oito profissionais, dizia que eu já deveria ter interrompido a gravidez, que o parto por cesariana seria mais arriscado que o aborto, que eu não deveria mostrar o meu filho a ninguém e, até mesmo, que eu poderia ficar cheia de varizes e estrias. Tudo para que eu decidisse abortar. Como não aceitei seus argumentos, o médico orientou-me a dar continuidade ao pré-natal junto à médica particular.

Graças a Deus, eu e meu filho superamos todos os preconceitos e dificuldades. Amei-o com toda intensidade que conseguia. Cantei, rezei, brinquei, ou seja, fiz tudo o que uma mãe faz com o seu filho no ventre. Sentia-me bem e não tive alterações fisiológicas, senão aquelas comuns a toda gravidez.

Thalles se mexia bastante enquanto eu descansava e ficava quietinho em minhas horas de estudo. Vibrava também quando íamos à Igreja. Minha mãe e as pessoas mais próximas observavam como se movimentava durante as orações e na Santa Missa.

Ele nasceu às 13h15min do dia 9 de julho de 2002. Antes de cortar o cordão umbilical, foi batizado por uma das médicas. Recebeu sua certidão de nascimento, como qualquer cidadão brasileiro, e faleceu às 11h25min do dia seguinte.

Tive a oportunidade de segurá-Io no colo e de me despedir dele. Hoje trago uma linda e real lembrança, de uma gravidez, que teve algumas dificuldades intrínsecas à situação, mas que me trouxe muitos benefícios enquanto pessoa humana e me deu uma grande alegria: a de ser mãe.

Sou mãe do Thalles, vivo ou morto, bonito ou feio, presente ou ausente. Sou mãe dele, porque ele efetivamente existiu e foi gerado em mim, o tempo que ele permaneceu com a minha família após o parto foi um grande lucro.

Anencefalia é uma "má-formação rara do tubo neural acontecida entre o 16° e o 26° dia de gestação, na qual se verifica 'ausência completa ou parcial da calota craniana e dos tecidos que a ela se sobrepõem e grau variado de má-formação e destruição dos esboços do cérebro exposto" (Comitato nazionale per Ia bioetica. Il neonato anencefalico e Ia donazione di organi. 21 giugno 1996. p. 9). Não se trata da ausência do encéfalo, pois os bebês anencéfalos, embora não tenham o cérebro, preservam o tronco cerebral, responsável pelo batimento cardíaco, pela deglutição, tosse e piscar dos olhos. Portanto, o bebê anencéfalo é um ser humano vivo e não um natimorto (CRUZ, Luiz Carlos Lodi da. Disponível em www.providaanapolis.org.br).

A incidência de anencefalia é reduzida com a ingestão de um componente muito acessível chamado ácido fólico, presente em alimentos enriquecidos e que pode, também, ser encontrado em pílulas disponíveis em alguns postos de saúde e nas farmácias.

Portanto, não existe razão para a liberação do aborto de bebês anencéfalos. Atualmente, porém, cada vez mais, as pessoas respondem às adversidades sociais com crimes e condutas desonestas. Hoje, uma pessoa pode fechar outra no trânsito e receber um tiro por isso. A discussão sobre a legalização do aborto se enquadra nesse raciocínio: considera-se normal algo que não é, ou seja, matar um ser humano.

Aprendemos a nos dobrar diante das situações e a optar por vias aparentemente mais rápidas e fáceis. Essa é a proposta de quem defende o aborto. Com o aborto, o Estado apenas se livra das mães de bebês anencéfalos, pois é mais simples convencê-Ias de que seu filho não tem vida nem valor e dispensá-Ias após o abortivo do que oferecer acompanhamento durante vários meses. Dessa forma, impedimos a construção da sociedade solidária, como preconizada pelo objetivo republicano.

Argumenta-se que para a mulher é sofrimento demasiado saber que seu filho vai morrer. Realmente, não é fácil. Contudo, as doenças e dificuldades não são um atestado para matar. Ante a notícia da má-formação de seu filho, a mulher poderá sentir-se desnorteada e, estimulada por médicos, poderá optar pelo aborto. Todavia, passado algum tempo, ficará a lembrança da morte do filho ocasionada não por uma força natural, mas por ela mesma. Isso sim é desumano e violento.

Talvez não exista outro ato que empobreça tanto as relações humanas, do que o assassinato de uma criança por sua própria mãe. Sob o aspecto jurídico, o aborto viola os fundamentos constitucionais ao desrespeitar o direito à vida, estabelecido como cláusula pétrea no artigo 5° da Constituição Federal.

Portanto, a luta pela vida e contra o aborto é dever de todo cidadão, mas, para nós cristãos, é, principalmente, reflexo do seguimento a Jesus Cristo, que veio para que todos tivéssemos vida.

Nossa Senhora de Guadalupe, protetora dos nascituros, rogai por nós!

Janaina da Silva César,
Advogada


Revista Renovação, edição nº 44, p.14 (mai/jun de 2007).


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No Amor do Amado,

Diogo Ribeiro 

2 comentários:

  1. Que belo testemunho!
    shalom!!!

    Raiane
    www.amigosshalompetrolina.blogspot.com

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  2. Raiane, obrigado pela visita. Volte sempre!

    Sim, esse é mais um belo testemunho de alguém que disse sim à vida..

    Shalom!

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